quarta-feira, 6 de outubro de 2010

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A Juliana é uma pessoa fechada, que as vezes guarda o que sente até explodir. Ela é chata, ela é fresca pra comer, ela se apega fácil a algumas coisas. Ela é tímida, bicho do mato e quando ela chora, a cabeça dela fica parecendo um pêssego. Ela não gostaria de apagar o passado, as felicidades, as experiências, mas ela gostaria muito de suavizar as conseqüências. Ela é maria-arrependida, ela chora pelo que já aconteceu e pelo que nem aconteceu ainda. Falta coragem nela. Coragem pra fazer, dizer e ser. Ela é lenta, ela é uma pessoa que vive determinados sentimentos com uma intensidade absurda. Ela é ingênua, nossa, e isso fode muito com ela. Ela acredita demais nas pessoas, ela sempre acha que o coleguinha vai ser sempre coleguinha. Nada, o coleguinha vai e a esfaqueia pelas costas. Ela gosta de sentar em bancos de parques, ela gosta de uma pessoa só, ela tem dificuldade de falar em público e é uma pessoa que "vive do passado". Bem museu, mesmo. Ela nunca vai atingir vários dos maiores sonhos que ela tem, uns por incapacidade, outros pela lei natural das coisas. Pessimista? Não, muito pelo contrário. Ela é pé no chão, procura ser prestativa e gosta de sorrisos. Preza as experiências boas e usa as más como ensinamento. Gosta de dormir até tarde, de ficar o dia inteiro dançando no quarto. Ela escreve mais do que fala, pensa mais do que diz e sonha mais do que faz. Odeia gente fracassada, gente que se entrega no primeiro tombo. Adora violão, violino, piano. Se machuca com muita facilidade, sente dor do nada e acha que a pior dor do mundo já foi sentida por ela. Dor da perda, não há o que cure, ela sabe. Gosta de admirar o pôr do sol, odeia pombos e gosta de abraços sinceros. Fecha a cara pra esconder a fragilidade. Se importa demais com os outros, e acha que as coisas não acontecem por acaso, o que é nosso, tá guardado. Grossa, sensível, ingênua, temperamental e chata. Seus cinco piores defeitos. Tem um alter-ego, a Flávia, que é o seu contrário. Corajosa, saidinha e adora inventar uma vida nova. Ela é transparente, transparente demais. Ela não é vingativa, mas segue a filosofia do "você me fode, se eu quiser eu te fodo mais" a risca, afinal, ela é ingênua, mas não é burra. É uma pessoa cheia de esperança, esperança em relação a tudo. Isso é um erro, as well. . Pede desculpas excessivamente, e isso é chato, ela sabe. Ama escrever e acredita que no final, as coisas podem dar certo, é só a gente querer. O mundo dá voltas, isso é básico, também. Adora estrelas, odeia traição, mentira e tem vontade de trucidar pessoas que iludem as outras. Ilusão é morte certa pra alma, isso é fato. Chora, chora muito, mas depois se envergonha. De ter chorado? Não, mas pelo motivo. Vê a beleza em pequenas coisas, vê a pureza em poucas pessoas. Ama e odeia algumas pessoas. Acredita que há certas coisas que não podem ser mudadas. Vivia intensamente, hoje em dia, ela mais se conforma. Agora, sentar e abaixar a cabeça, folks? Jamais!
A Juliana é uma incógnita engraçada, um quadro mal pintado, um cd com algumas faixas arranhadas, é um cachorro manco de uma pata. Ela é especial, mas tá longe de ser uma obra de arte. Ela consegue ser perfeita, sim, mas pra um ser humano só. Depois disso, ela resolve ficar quieta. Há um espaço muito grande entre a verdade e o que ela quer acreditar, mas quando não se pode consertar, deve-se aceitar.
Já quis brigar por um ideal que nem eu sabia como defender. Já fiz castelinho de areia e assisti o mar levar, já senti a vida desmoronar. Já me apaixonei, já deixei e já fui deixada. Já fui do oito ao oitenta em questão de segundos. Já fiz do espelho o meu melhor amigo, já conversei sozinha durante horas e criei frases achando que elas poderiam mudar o mundo. Já perdi um amigo por um erro idiota, já tropecei e demorei pra me reerguer. Já assisti o mesmo filme repetidas vezes, já fiz amigos por acaso e já cortei o meu próprio cabelo. Já achei o amor dentro do ódio. Já abracei o inimigo e não me senti tão mal. Já tentei descobrir todos os segredos do mundo, mas nem os meus, eu consegui. Já dei muitos socos em alguém, já tremi as pernas por causa de um sorriso. Já me senti importante. Já fui mimada, já chorei pelo leite derramado, já quis ter uma onça em casa. Acho que já quis até salvar o mundo. Já me apaixonei por um sorriso. E que sorriso. Já matei um peixe e me senti culpada durante meses. Já senti medo de ser feliz, já senti medo de nunca amar ninguém. Hoje eu só tenho medo de deixar a oportunidade passar.

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